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Sua
única certeza, naquele momento, era a imediata necessidade de partir.
Consciente disso, tentava se mostrar segura e confiante àqueles que
ficariam esperando a sua volta, torcendo para que ela conseguisse
realizar tudo que foi cuidadosamente planejado. Sim, haviam os objetivos
traçados. Metas cujo o cumprimento dependeriam exclusivamente dela.
Ali, perto dos seus, rodeada de amigos e de todos que a queriam bem,
tudo era muito mais fácil, bem mais simples... Imaginar-se longe, porém,
fazia com que perguntasse a si mesma: Será que conseguiria? Confiou em
Deus e nas pessoas que desejavam seu "sucesso" e partiu.
A "caminhada" seria longa...
Logo no início, percebeu que apesar da saudade e da imensa vontade de
que tudo terminasse logo, ela poderia vivenciar bons momentos e fazer
daquela "viagem" uma experiência agradável. E foi exatamente isso que
fez! Começou a aproveitar a companhia dos que também viajavam com ela.
Aos poucos, acabou reconhecendo em alguns, pessoas muito queridas que,
sem que ela soubesse, tinham-na precedido, só para estarem ao seu lado
nos momentos em que ela precisasse. Agradecida, sentiu-se mais forte e
prosseguiu viajando.
O tempo foi passando... Todos
seguiam o "itinerário programado". Cada um tinha o seu, mas, eles sempre
acabavam se encontrando. E ela... Ora se mostrava entusiasmada com os
lugares que conhecia e com as paisagens lindas que avistava as margens
do caminho... Ora se retraía a um canto e se deixava ficar sozinha,
languidamente curtindo a falta que sentia do lugar e das pessoas que
deixara para trás. Esses momentos eram desertos dentro de si mesma e ela
aprendeu a respeitar.
A viagem foi seguindo seu curso
e, agora, quando tudo seguia conforme as decisões que ela tomava durante
o trajeto, já não sabia se estava conseguindo cumprir os objetivos
iniciais - aqueles que a levaram até ali . Já fazia tanto tempo desde a
sua partida... A segurança inicial começou a dar lugar ao medo. Medo de
perder tempo, medo de regressar e perceber que nada valeu a pena. Ao ter
este pensamento, ela sentiu o peito apertar. Isso foi o bastante para
que, em determinado momento no meio do caminho, sua visão se voltasse
para uma pedra. Uma "pedra não muito grande e não muito pequena", bem
ali, impedindo a sua passagem. De repente tudo começou a fazer sentido!
Enquanto fixava o olhar naquela
rocha, tentando descobrir uma forma de tirá-la dali ou passar por ela,
relembrou que esse era o seu grande desafio. A pedra tirada do caminho
representaria a vitória sobre o seu medo; o controle sobre si mesma e
sobre seus sentimentos; e, principalmente, o fim da dependência
emocional sob a qual ela mesma se colocava. Ter isso em mente a
paralisou completamente. Não mais se sentia preparada... A pedra crescia
aos seus olhos de um momento para outro. Era só o que ela, agora,
conseguia notar.
A viagem continua, mas, hoje,
ela se encontra voltada - literalmente - para o obstáculo que a impede
de seguir... Não consegue perceber tudo que existe a sua volta: os
campos, cheios de margaridas, que margeiam o caminho; a paisagem que se
mostra acima da pedra, com o céu de um azul sublime; as pessoas que
estão ao seu lado, prontas para ajudá-la, bastando apenas que ela peça
ajuda. A única coisa que quer no momento é voltar para casa. Não quer
desistir da viagem e afasta de si todo e qualquer pensamento nesse
sentido. Por outro lado, não se sente com forças para sair do lugar onde
se encontra. A pedra continua lá...
*Uma viagem pelo poema de Drummond
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Oi, gente!! Esse texto não é novo, foi escrito em 15/01/2010, mas é bem atual, se é que vocês me entendem. Resolvi postá-lo aqui porque ele me veio à memoria juntamente com a percepção de que a tal pedra já não parece tão grande, e muito menos intransponível. Acho que isso é bom, né? rs
Beijo em todos!
Malu
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