Um convite à reflexão, por Juliana Grilli

Tapa na Cara

Mulher escrevendo, reflexões, Nós Poéticos, Juliana Grilli, Por uma sociedade melhor
Imagem de Karolina Grabowska por Pixabay

Hoje eu quero aproveitar o espaço aqui para dar um depoimento. Não quero fazer um texto cheio de figuras de linguagem e formas gramaticais. Quero apenas compartilhar uma experiência pessoal que, apesar de parecer simples e rápida, mexeu muito comigo e me fez refletir bastante.

Eu trabalho em um mercado e por esses dias estava no setor de hortifrúti quando vi uma cliente derrubando algumas frutas no chão. Percebi que as frutas se espalharam e fui ajudá-la a recolher. Me abaixei e comecei a pegar e então ela suspirou e disse: “Ah, como eu queria ser você...”

De início não entendi o porquê de ela falar isso, mas assim que ela se irou e pegou seu carrinho para continuar suas compras, foi que eu vi a bengala e como ela utilizava o carrinho como apoio para poder caminhar. E aquilo foi um tapa de realidade tão forte na minha cara que fiquei parada por alguns minutos sem saber como reagir. Porque nesse simples segundo eu percebi como muitas vezes a gente reclama por pouco e um simples ato do dia a dia como se abaixar para pegar uma coisa no chão pode significar o mundo para quem não consegue fazê-lo.

Nesses tempos de pandemia, temos encontrado muitas pessoas egoístas que ainda não se deram conta de tudo o que estamos enfrentando e acham que o mundo deve se adequar à sua situação e não eles se adequarem à situação do mundo. Aí nos vemos reclamando do comércio fechado, reclamando das máscaras, reclamando de tudo e mais um pouco, esquecendo muitas vezes que estamos TODOS enfrentando essa mesma situação, essa mesma pandemia. 

E é numa hora como essa que você recebe por assim dizer, um soco no estômago como esse que eu recebi, que é preciso parar e refletir: do que é mesmo que eu estou reclamando? Olha aí a pessoa só querendo poder se abaixar com facilidade para pegar algo que caiu no chão.  E eu tô aqui, podendo abaixar, levantar, andar, falar, tenho meu emprego, todos da minha família com saúde, tenho uma casa para morar, tenho conseguido pagar minhas contas... não que a vida seja um mar de rosas, por que não é. Não é que a gente deva acordar dando bom dia para o sol e os passarinhos enquanto entoa uma canção da Disney, porque ninguém é tão perfeito assim. Mas devemos tirar desse momento ruim a oportunidade de refletir e colocar em prática uma palavrinha mágica chamada EMPATIA.

Que possamos aprender a nos colocar no lugar do outro. Que possamos analisar as reclamações do dia a dia e perceber se elas realmente são problemas tão grandes quanto a gente quer que pareça. Que sejamos menos EU e mais NÓS!

Esse é o momento de aprender que não estamos sozinhos no mundo. Que uma andorinha só não faz verão e todos aqueles outros ditados clichês sobre UNIÃO e TRABALHO EM EQUIPE. E toda vez que vier aquela vontade de reclamar, respire fundo e pense que do seu lado pode ter alguém querendo ser você por simplesmente você conseguir se abaixar para pegar um abjeto que caiu no chão.






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