Como é meio estranho dizer que a tristeza me
fez feliz. E não, isso não tem nada a ver com aquela coisa de dizer: Ah, anda
sempre tão triste que já até se acostumou. (Não mesmo!)
Tem a ver mesmo é com o fato dela –tristeza-
ter me trazido inspiração para escrever. A felicidade também me inspira, muitas
coisas me inspiram, isso é fato, porém, como eu poderia deixar de lado o fato
de que minhas reflexões também nascem de um momento nostálgico, da tristeza, de
certos sentimentos que nem sempre dormem comigo, mas assim que abro os olhos,
eles já estão à minha espera. Como renegar isto?
Pra ser sincera, muitas vezes eu tenho mais
medo das consequências que a felicidade traz consigo, do que a tristeza. Às
vezes o efeito da felicidade me torna estagnada, me retém, passa a ser sentida
de tal modo que as mãos se recusam a escrever, as letras se recusam a se
juntar...
Quando a felicidade era tão grande que eu
não sabia o que escrever, nesse tempo em que a escrita se ausentou de mim, eu
estive em vários lugares, para alguns destes lugares eu fui mesmo sem sair do
meu lugar; eu caminhei por diversas calçadas, vi pessoas, para algumas até
sorri, eu apenas caminhei... Sem saber se aquele friozinho na barriga era por
receio de não saber o quanto duraria ou era por tanta emoção de contemplar
coisas que normalmente parecem não me fazer a menor falta.
Eu sonhei dormindo, sonhei acordada, fiz do
moço do ônibus um amigo para me contar estórias, a verdade, é que eu me ofereci
para a vida, com a suavidade de quem nada espera, esperando tudo que possa vir.
Porque essa coisa de dizer que ofertamos sem esperar a retribuição, ah, isso é
de uma hipocrisia... Sempre esperamos, e como esperamos, principalmente da
vida.
Esse negócio de estar muito feliz é
perigoso, porque a sensação é de que te deram adrenalina e você acredita que
pode encarar tudo, e sinceramente, precisamos dessa sensação nos momentos
tristes também. Porque é principalmente na tristeza, que precisamos ter a
consciência de que podemos e devemos encarar, até mesmo a vida! Eu encarei a
vida, e ela me encarou de volta.
Eu senti medo, eu senti insegurança, senti
de tudo um pouco, mas, eu senti a coragem borbulhando nas veias, sussurrando em
meus ouvidos: olha só, você encarou!
Pensando bem agora, agora que voltei a
escrever, posso até dizer que se não fossem tais momentos, sejam estes de
sobriedade, adrenalina, embriaguez (e não falo de embriaguez alcoólica), mas
sim, dos sentimentos sem razão e da própria vida, se não fossem esses momentos,
estas tolices, o que saberíamos sobre ser sensatos?
Se não fossem os sentimentos que nos são
impostos, ou que chegam sem convite, apenas por chegar. Se não fossem estes
para lavar ou atormentar a nossa alma, qual sentido daríamos a vida?
Qual seria o sentido de nossa existência?
Eis que de um momento triste, o ato de
escrever pediu passagem, saiu da reclusão, montando palavras sobre o papel,
ainda que incertas, ainda que apenas carregadas de dúvidas, a tristeza também
me fez ousar. Então, porque condená-la? Se no final das contas somos pedacinhos
de tristeza, pedacinhos de alegrias, de sonhos, medos, vitorias, pesadelos,
coragem, derrotas... E principalmente, somos fragmentos de estrelas, poeira
rolando ao vento!
2 Comentários
Oi Manu!
ResponderExcluirAdorei teu texto, principalmente porque ele me dá a oportunidade de confessar uma coisa que não sei se só acontece comigo.
Escrevo desde que me entendo por gente e de vez em quando reviro meus baús de poesias e textos e fico analisando como cresci, como mudei, as coisas que senti no momento em que transformei determinados sentimentos em palavras...
E em grande parte das vezes percebo que meus melhores textos e poesias surgiram de duas emoções vistas como negativas: a tristeza e a raiva.
Não sei explicar o porquê; talvez porque a felicidade a gente não contenha, já a raiva e a tristeza a gente tenda a segurar. Desta forma, quando as duas se libertam - No meu caso pelo menos - me dão de presente os mais belos textos e poesias que eu já escrevi. E posso dizer o mesmo sobre este seu texto aqui.
Adorei Manu.
Bjos
Sensacional Manueli!
ResponderExcluirE essa danada na tristeza tem é palavras não é!?
O nosso grande desafio é equilibrar tristeza e felicidade.
Ai... Adorei seu texto! =)
Obrigada pela sua visita!
Ficaremos muito felizes com teu comentário!
Att,
Nós, Poéticos e Literários!
nospoeticos@gmail.com