Dos bailes da Vida

Imagem: google


"Te adoro!", "Te quero!", "Você me faz feliz!" - são algumas das suas frases nas nossas conversas, e eu não posso negar que quando as ouço, fico com o coração e a razão numa guerra mais acirrada que qualquer outra que o Homem já viu. Parte de mim se agarra a elas, chegando mesmo a acreditar que cedo ou tarde a nossa relação vai finalmente se definir - que vamos descobrir o que somos e o que seremos, de fato. Mas, outra parte de mim, meu lado racional e por vezes frio, me faz olhar de esguelha para cada uma das suas palavras e colocá-las de lado, sob avaliação, enquanto observo não mais o que você diz, mas principalmente o que você faz. Seria essa a minha - a nossa! - salvação, certo? A forma como eu poderia compreender tudo o que a gente já viveu até aqui. Mas, quem disse que compreender nossa história é fácil? 

Lembro da forma como a gente se conheceu. Eu não me sentia muito a vontade naquela noite, naquela festa, mas a sorte foi lançada no momento em que entrei no salão. Dois desconhecidos num baile de máscaras. Você me tirou para dançar, e depois, com o seu jeito de falar, questionar, a forma como você demonstrou interesse em conhecer o meu mundo, os meus sentimentos, mas principalmente o modo como você percebeu meus anseios mais secretos, tudo isso me desarmou naquela primeira vez. Em pouco tempo você adentrou um território totalmente inexplorado. E num tempo muito menor eu vi que apesar de toda a sintonia entre a gente, nossos interesses eram totalmente contrários. Você queria a curtição do momento, enquanto eu buscava a certeza do amanhã. Foi essa percepção a responsável pelo meu afastamento. Eu sabia que queria mais, e um mais que você não podia ou não queria me dá. Sei lá...

E assim, com a gente distante, o tempo correu célere. Não sei o que você fez durante todo o ano em que ficamos afastados. Não tenho a mínima ideia se alguém passou pela sua vida, se dividiu com você os momentos que antes eram nossos. Já você sabe - ou pelo menos deveria saber - que aqui na rotina monótona que sempre foi minha, as coisas seguiram dentro do ritmo (des)esperado... Bom, o fato é que nos reencontramos. O baile acontecia novamente e, como da primeira vez, eu joguei os dados sobre a mesa sem se quer imaginar que eles me levariam até você. Os casais se formavam no  salão e você se aproximou fazendo o mesmo convite: "- Dança comigo?" Quase as mesmas palavras de outrora e eu naquele instante te reconheci mesmo sem te ver. Sei que naquele momento eu poderia ter fugido, afinal você nem havia percebido que por trás daquela máscara se encontrava a garota com quem havia compartilhado momentos demasiadamente íntimos. Mas, envolvida pelo teu jeito tão familiar de falar, impensadamente eu prometi que te mostraria o rosto ao final da música. 

Hoje eu percebo que não me dei conta de que a partir daquele momento, nós estaríamos juntos novamente, e dessa vez só Deus saberia de que forma e por quanto tempo. Sabe, é esse outro fator intrigante na nossa história já tão cheia de perguntas sem respostas: o misterioso tempo. Quando estou com você a sensação é de que te conheço há muito, a conversa flui naturalmente e a intimidade parece ter sempre existido entre nós. Com você eu não me reconheço, faço e falo coisas que não condizem com o "eu" que vejo no espelho. Todavia, se você não está, se você se ausenta inesperadamente e mais do que o normal, meu coração se enche de medos e dúvidas, e todas as palavras carinhosas que você me diz perdem o sentido diante da sensação de que, de nós dois, sou eu quem está sempre disponível, sempre ao teu alcance. Eu nunca te disse que espero um pra sempre de você, mas já tentei deixar bem claro que espero a verdade do presente. Morro por dentro só de pensar que tudo não passa de ilusão da minha parte... 

Agora quando escrevo essas linhas você não está, e eu estou aqui, com aquela ansiedade que você já conhece tão bem. Sei que quando nos encontrarmos eu vou te falar tudo isso, deixando que o medo e a timidez atropelem minhas palavras, ao te dizer o quanto me assusta a forma como eu me dou, sem me entregar de verdade pra você; o quanto eu gosto, e ao mesmo tempo temo a forma como você me ganha, ao conseguir vencer todas as minhas resistências. Ah, moço, eu que havia prometido não deixar que mais ninguém bagunçasse a minha vida, estou agora te dando toda a liberdade para fazer o que bem quiser com ela! Por que estou fazendo isso? O que eu espero dessa nossa história afinal? O que eu posso esperar, me diga! Em uma das nossas conversas eu te pedi para cuidar de mim e você prometeu isso. Cumpra sua promessa, por favor. É só isso o que eu te peço agora...

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