Você é a graça da vida

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Estava olhando suas fotos antigas e percebi que eu não estava em nenhuma delas, percebi também que sinto a sua falta. Falta das madrugadas à fora conversando bobagens. Falta de você me dizendo que ama viajar e olhar o mar na companhia do seu cachorro. Sinto falta da sua risada engraçada depois de dizer, com a voz rouca e abafada, o quão graciosa eu era. E eu nem sou, você é.

Você é a graça da vida, das noites de insônia, dos dias nublados, dos verões sem sol. Você é a graça que me deixa sem graça ao soltar um elogio, freneticamente aberto e sincero. Sem desdém. Você é a graça da vida.

Você é a graça da coisa toda. Essa coisa que me faz gelar ao ver uma nova mensagem sua no celular. Você é a graça que me deixa sorrindo pro nada só de lembrar de todas as vezes que você me fez gargalhar. Foram tantas. Você é a graça dos meus devaneios. Da minha mão na nuca. Do meu olhar perdido. Dos meus passos sem rumo.

Você é aquele pedaço de vida que faltava para transbordar a minha. Manso. Calmo. Fora do normal. Meu oposto. Meu menino. Meu presente. Meu futuro. Meu sorriso. Meu abraço. Minha graça.

Você é aquele pedaço que faltava pra completar a história, pra findar a solidão e fazer um começo sem fim. Você é a graça que faltava pra desfazer esse mal entendido da vida que pensou que eu era feliz antes de nós sermos laços.

Mas você não está aqui agora para saber disso. Foi embora. Me deixou como todos os outros fizeram. Foi e não voltou. Sabe, a vida anda sem graça depois que você se foi. O laço virou nó. O nós virou eu e você, um para cada lado. Sem despedidas.

Mas você continua sendo a graça da vida. A graça dos meus dias. Se voltar, não precisa bater na porta. Você a esqueceu de fechar. Ela ainda está aberta. Pode entrar.

Eduarda Lins