A Observadora



Então era assim o grande dia.
Muitos preparativos, durante muitos meses, anos até, muito planejamento para fazer de um dia qualquer, um dia único e inesquecível.
De seu ponto isolado, ela observava.
As pessoas chegando. Todo mundo bonito, arrumado.
Flores e decorações para todos os lados.
Flashes e luzes que nem se sabe de onde vinham.
Corações cheios de expectativas. Dois deles, mais acelerados que todos os outros. Um deles ainda mais descompassado, acompanhado do frio na barriga, de véus e grinaldas e buquê e um salto e ter que pensar em não tropeçar a caminho da felicidade à sua espera no altar.
Aquele era o dia que marcaria o início da vida feliz de um casal.
Nenhum detalhe escapou de seus olhos.
A igreja enfeitada. Os vestidos. Os ternos. Os padrinhos em comitiva na porta, à espera da estrela da noite. Aquela, cujo coração batia mais alto que todos os outros.
Ela olhou o quanto pôde.
Depois, seguiu seu caminho. 
E em seu coração, a eterna pergunta que não se cala, despertou novamente (em sobreposição à todas as aparências que ela mantém e que a negam):

"Quando vai ser minha vez?"

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2 Comentários

  1. E... sabe Deus por que... as vezes só resta a algumas pessoas a possibilidade de serem espectadoras de uma realidade que elas mesmas dariam tudo para vivenciar. Tenho certeza que isso é algo triste, doloroso até, mas acredito que além de ser um fator de aprendizagem, nao é esse o caso da personagem do texto. Alias, estou certa que a vez da Observadora em questão vai chegar e que provavelmente vai ser o dia mais lindo da vida dela! :)

    Beijos, Ju! Lindo texto!

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    1. Eita Malu! Só você mesmo para fazer um comentário tão brilhante que faz a autora do texto recuar e aplaudir!
      Amei!
      Obrigada pelas palavras, como sempre, fascinantes.
      Bjosss

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